Quantas verdades se encontram perdidas
Nas letras miúdas de cadernos gastos?
Quantas histórias vivem escondidas
Em diários velhos e empoeirados?
Quantas canções nunca foram ouvidas
Em fitas, em discos, no ciberespaço?
Quantas paixões permanecem esquecidas
E presas em caixas no fundo de armários?
Para onde vão nossos grandes momentos?
Os casos, acasos, abraços e beijos
Os domingos ensolarados no parque
As nossas mentiras e as nossas verdades?
O canto da alma, a lágrima presa
O trabalho chato, as contas na mesa
Os drinques tomados na noite de sexta
As buscas, as lutas, as nossas certezas?
E de que importa encontrar-se no tempo
Gravando o passado em linhas de um segredo?
Se não há vida em poema calado
Se não há memória até encontrar outras mãos?