Minha carne apodrece sob a pele
O algodão, a máscara, os cabelos ralos

Deixa rastros sobre o piso de taco
Desmancha entre travesseiros e edredons

A putrefação infesta a casa

Os gases que se misturam ao vapor do café
E à fumaça do tabaco
Se acumulam com o mofo
No teto do banheiro

Algum dia os músculos
Agora atrofiados
Pararam de lutar

O coração, insistente, bombeia
E a alma permanece

Por isso, decompondo aos poucos,
Ainda posso ouvir a batida da porta que fecha
E enxergar o sol que invade a casa
E aquece meus ossos